16/11/2017

ADMINISTRAÇÃO - Visita de estudo ao Fundão




Já passava das seis horas e quinze minutos do dia dez de Outubro deste ano de dois mil e dezassete e o autocarro que nos levaria à estação de Santa Apolónia, não aparecia. A preocupação generalizou-se e agravou-se quando alguém recordou que "o comboio não espera". Nisto, surge o dito autocarro para sossego dos corações e lá seguimos para Lisboa  já o Sol pintava a alvorada com as suaves tintas da manhã.
Em Santa Apolónia esperava-nos o comboio que deveria ter uma carruagem especial para os admiradores de Eugénio de Andrade e da sua poesia.
Como por perto não havia vivalma que nos desse qualquer informação dirigimo-nos ao "guichet" para esclarecimento das nossas dúvidas, sobre a carruagem a utilizar.
Fomos muito bem atendidos por um jovem empregado, delicado, bem falante, bem disposto, tentando ser engraçado ao referir-se à poesia mas completamente incompetente como viemos a verificar pouco depois pela inutilidade das informações que nos prestou.
Conjecturando sobre o que fazer, demos de frente com um jovem senhor, muito bem posto, com aspecto de quadro superior dos comboios. Aqui está a salvação, pensámos. Puro engano, o tal senhor, com ar sabedor manifestou as suas dúvidas quanto à utilização da tal carruagem naquela composição pelo que o melhor era entramos para a carruagem nº 2 como constava nos bilhetes. E assim fizemos. Talvez a carruagem só para nós seja no regresso, pensámos.
Porém, a colega Elvira Sanches que não nos acompanhou desde Setúbal, e já instalada na tal carruagem, estanhou estar ali sozinha. Estabelecidos os contactos, (bendito telemóvel) e esclarecida a situação, mudámos todos para a devida carruagem, no Entroncamento. Foi digno de ver, um caso prático de envelhecimento activo: quarenta pessoas já maduras, mudaram de carruagem, com malas e outras atrapalhações enquanto o diabo esfregou um olho. Aí sim, tivemos a ajuda de um eficaz funcionário.
Pelas onze horas e quarenta minutos chegámos a Castelo Novo, onde desembarcámos, numa paragem só para os utentes da referida carruagem.
Esperáva-nos a acompanhante Olga, dinâmica e prestável. 
Visitámos o castelo mandado erigir por D. Sancho I em 1202, deambulámos pelas ruas da localidade onde o tempo parece escorrer lentamente. Passámos pela praça principal com seu pelourinho e a fonte mandada construir por D. João V. 
Ali perto é extraída a água do Alardo.
Depois da caminhada, durante a qual nos apercebemos dos estragos do fogo, fomos almoçar. Almoço saboroso e abundante.
O percurso pedestre "Caminho de Eugénio de Andrade" não se efectuou dado o seu grau de dificuldade para alguns companheiros, de maneira que subimos para o autocarro e seguimos para a Póvoa da Atalaia, terra natal de Eugénio de Andrade. Vimos a casa onde viveu enquanto menino e na rua as mulheres vestidas de preto de que nos falava o poeta.
Dois jovens, num espaço exterior, animaram a nossa presença: um deles recriava a figura de Eugénio de Andrade, outro dizia versos do poeta. Marcou a todos os versos referentes à sua mãe. Até houve lágrimas. A actuação terminou na Casa da Poesia.
E seguimos para o hotel, muito agradável e confortável. O jantar que nos serviram foi uma orgia de sabores, tudo muito bom e "acabadinho" de fazer. Ah! que arroz de míscaros!
No dia seguinte, com um ligeiro atraso sobre a hora marcada fomos visitar uma olaria na povoação do Telhado, "A Casa do Barro". A tentativa de reanimar esta actividade produziu uma única artesã. Restam as memórias.
Regressados ao Fundão fizemos um passeio pelo centro histórico, passámos pelo mercado e entrámos no espaço António Paulouro, o coração e fundador em 1946 do célebre "Jornal do Fundão", de que é actual director um seu sobrinho.
Como já é costume, um pequeno acidente atingiu um dos companheiros. Deste vez a vítima foi a Silvina, que ficou com fortes dores num joelho. Porém, radiografada em Setúbal verificou-se que fracturara um dos dedos polegares.
O almoço foi de livre escolha, seguindo-se uma visita à Biblioteca Municipal. Aí esperava-nos uma surpresa: a Academia Sénior do Fundão actuou para nós: um conjunto musical com muitos instrumentos e, imagine-se, mais homens que senhoras.
Mas não ficaram sem resposta, um improvisado grupo de cantares deu a conhecer àquelas pessoas o que é ter um Rio Azul.
No final um jogo de Cadavre Exquis produziu quatro poemas que se publicam no final.
E pronto, às 18,46 apanhámos o Intercidades, no Fundão com destino a Lisboa, trazendo a sensação de, para além de termos feito um passeio cultural, levamos um pouco do nosso carinho e da nossa solidariedade a uma zona martirizada pelo fogo. Sentimos no semblante das pessoas com quem nos cruzámos, por onde quer que  andássemos que éramos vem-vindos. É um dever, não precisa de agradecimentos.  




A partida e a chegada



Castelo Novo










A casa onde Eugénio de Andrade viveu até aos 7 anos









Com o afilhado


























O Hotel "O Alambique de Ouro"






A Casa do Barro, em Telhado





O Fundão





 Na Biblioteca




















FIM





É este o poema colectivo, produzido através do jogo Cadavre Exquis























Sem comentários:

Enviar um comentário