21/02/2019
18/02/2019
CIMM - Hospitais de Setúbal da Baixa Idade Média ao Sec XX
Casa da Cultura, 15 de Fevereiro de 2019
O Dr Palma Rodrigues começou por fazer uma breve viagem aos últimos
mil anos e aos acontecimentos que determinaram uma grande diferença no desenvolvimento hospitalar entre o ocidente
e o oriente.
Em meados do sec XIX o capitalismo reforça-se, publica-se em Portugal
o primeiro Código Civil e segue-se o Sistema Profissional Liberal, em que os
hospitais são geridos pelo melhor dos médicos. Este sistema vai até aos anos
imediatamente a seguir à II Grande Guerra, mas em Portugal vai até 1971, com a
organização de Gonçalves Ferreira, mas só em 1978 entra em vigor o SNS. O
sistema adoptado é o de Profissional Técnico, para a gestão hospitalar
No pós-guerra surge o direito à saúde e a responsabilização do Estado pela
Saúde Pública, ideia que não é nova e teríamos que recuar aos tempos de Ribeiro
Sanches para encontrar o seu contributo português.
No passado as doenças eram basicamente infecto-contagiosas. Hoje as
doenças são doenças da abundância, como a diabetes, hipertensão e colesterol. E no passado não havia meios de
combater os micróbios, só em finais da II GG é que surge a estreptomicina, com
a qual se pode fazer frente directa aos micróbios.
Quanto à formação médica na antiguidade citou a importância da Escola
de Salermo, fundada no séc. IX ,onde se podia obter uma formação médica
regular. Até aí eram as abadias e as ordens monásticas que tinham postos
médicos, assim se podendo chamar. Segundo os ensinamentos de Salermo, se não se
pode curar há que prevenir e os princípios de higiene vão durar até ao séc
XVIII.
Neste período os hospitais portugueses eram muito pequenos tendo no
máximo seis camas. Sem nenhumas técnicas
de saúde, a sua vocação era acolher os pobres e os desamparados. Entram no
conceito de obras de caridade.
A par de outras doenças a lepra foi marcante. importada do oriente
pelos cruzados atingiu o auge no reinado
de D.Dinis. Os leprosos tinham tratamento separado nas Gafarias, sendo a
primeira em Portugal a de Marco de Canaveses, mandada construir por D. Mafalda
de Saboia, mulher de D. Afonso Henriques.
Também Setúbal teve uma gafaria , na actual Av. Manuel Maria Portela,
que funcionou até 1504, altura em que os leprosos foram transferidos para
Cacilhas.
O aumento da população urbana, emergência da burguesia mercantil e a
intervenção do poder real na saúde levou a que os pequenos hospitais não
respondessem aos direitos à saúde da população. Surgem nesta altura os grandes
hospitais da Cristandade, em Itália, França, Espanha e também em Portugal com o
Hospital Real de Todos-os-Santos, no Rossio. Este hospital seria completamente
arrasado pelo terramoto de 1755. No entanto, os hospitais continuaram à sombra
da divindade, junto das catedrais, porque as acções de misericórdia dariam
indulgência na hora da morte e subida ao Céu.
Em Setúbal, no início do séc XIV existiam vários pequenos hospitais,
funcionando junto a igrejas, como era costume. Estes pequenos hospitais, com
rodar dos tempos foram-se juntando dando origem ao Hospital de Misericórdia e
ao Hospital da Anunciada, funcionando assim até ao séc. XIX, altura em que se
juntaram os dois funcionando no Convento de Jesus até meados do séc XX, quando
foi inaugurado o Hospital de S. Bernardo.
17/02/2019
ADMINISTRAÇÃO - Conferências " O Lugar do Sapal"
3º conferência: Comunicação e Pós-verdade. Fake News e Ética
Vera Lucas no papel de apresentadora
A Mesa
Fernando Esteves, Rita Figueiras, Francisco Rito e Adelino Gomes
Abriu a sessão o presidente do C A da UNISETI, Arlindo Mota, começando por informar que a mudança local da conferência, do Salão Nobre da CMS para o Cinema Charlot, se deve a obras naquele Salão.
Sobre o tema em
apreciação "Comunicação e Pós Verdade. Fake Nwes e Ética" referiu a
sua actualidade e que os oradores convidados mostram um aproveitamento das
sinergias Setúbal/Lisboa/Setúbal.
Aproveitou para ar a
conhecer aos presentes que o ciclo de conferências vai continuar, tendo lugar a
próxima no dia 5 de Abril .
Seguiu-se a intervenção do Sr Vereador
da CMS Ricardo Oliveira, que agradeceu à UNISETI esta iniciativa com na
qual a Autarquia tem participado com muito agrado.
Referindo-se à
deslocalização do local inicialmente previsto para a conferência, por motivo de
obras no interior do edifício da CMS, fez a ligação da qualidade das
conferências com a qualidade dos filmes que a UNISETI tem vindo a fazer passar
neste mesmo local, independentemente dos aspectos comerciais ligados àquele
tipo de filmes.
Sobre o tema em debate, manifestou-se pela sua actualidade, tendo colocado a questão de
se saber até que ponto a comunicação pode manipular os movimentos sociais e ser usada na defesa de teses pouco
aceitáveis, com a capa de jornalismo ou redes de comunicação.
Terminou fazendo um
apelo à reflexão sobre a sociedade que estamos a construir.
O primeiro orador, Fernando Esteves, director do jornal "Polígrafo",
cuja criação relatou. Seguidamente abordou a questão da partilha da informação
que se faz a um ritmo alucinante, difundindo-se muitas vezes sem se ter sequer
lido o conteúdo das mensagens que se difundem e sem se confirmar a sua
veracidade. Esta situação é potenciada pela tendência que as pessoas tem para
acreditar na informação que lhes é fornecida, mesmo sentindo que estão a ser
manipuladas e a manipulação atinge níveis de sofisticação tal, que é possível
criar vídeos completamente falsos mas que não se conseguem distinguir da
realidade.
Esta situação de
incerteza torna as pessoas descrentes e
apáticas, vulneráveis à acção dos influenciadores que, pouco preparados dizem
disparates ou muito bem preparados manipulam, o que pode colocar em risco o
funcionamento da democracia.
Mais de 60% da
informação é veiculada pelas redes sociais , sem qualquer triagem jornalística,
qualquer pessoa pode propagar o que quiser sem qualquer controlo. É preciso criar,
com o uso da Inteligência Artificial, ferramentas potentes para combater aquelas que estão o por em causa
a verdade. Para enfrentar esta situação seria necessário tomar medidas
corajosas, que restringissem a capacidade de distribuir desinformação de que
deu exemplos: restringir as partilhas no WhatsApp e limitar o tamanho dos
grupos; limitar a capacidade de criar perfis falsos; combate da desinformação,
tão rapidamente quanto a rapidez com que é criada; criação de comunidades de
Fake Jackers.
Terminou com um apelo
à qualidade do jornalismo, a única forma de fazer frente à Internet.
O orador seguinte foi o jornalista e investigador universitário Adelino Gomes. Começou por salientar a
importância da Uniseti como local onde se pode ouvir os outros e onde nos
questionarmos como sinal de vitalidade.
Entrando propriamente
no tema da palestra disse que o mundo verdadeiro nunca existiu. Há certas
notícias falsas que duram para sempre, sempre houve manipulações e o Homo
Sapiens foi o criador da pós-verdade, usando as redes sociais humanas que
antecederam as redes digitais.
Quanto à internet,
cabe lá tudo, disse. Está em todo o lado, mesmo os que se querem alhear não
escapam, ela vai lá buscá-los onde quer que estejam.
No campo
jornalístico, perante o inverno apocalíptico que alguns vêm na manipulação das
redes sociais e da informação, surgem as Fake News por medida, que assentando
em premissas falsas tem impacto à escala global.
Apontou o exemplo de
Trump de chamar Fake News a tudo o que não lhe agrada, ignorando o que não lhe
interessa com abolição do contraditório, conduzindo ao pensamento único com
graves riscos para a democracia.
Sobre o jornalismo
diria que durante muito tempo esteve no topo da tabela de credibilidade, mas
que as recentes sondagens o coloca no fundo da tabela. Todas as instituições
perderam credibilidade mas o jornalismo foi a pior. O grupo profissional do
jornalismo já não discute a credibilidade da informação mas o modelo de
negócio, com a rendição das redacções dos jornais à administração.
Como recomendação,
deixou a necessidade de reforço da ética profissional, do retorno aos princípios
morais e profissionais e ainda a recuperação do contrato social implícito do
jornalismo com a sociedade, que foi quebrado.
O último orador foi a setubalense Rita
Figueiras, professora universitária na área da comunicação.
Iniciou a sua
palestra colocando o aparecimento do jornalismo com área científica num momento
de crise a seguir à I GG. Inicialmente, finais do século XIX o jornalismo era
depreciado face à literatura, era perecível e inútil enquanto aquela se
mantinha no tempo. Mas nos anos vinte surge nos EUA a ideia que a IGrande
Guerra foi ganha por uma campanha de desinformação, conducente à galvanização
das tropas e à desmotivação do inimigo. Então a comunicação podia fazer ganhar
guerras e o jornalismo podia influenciar a História. Surgem assim nos EUA os
cursos de jornalismo. Numa primeira fase os efeitos da comunicação eram como
agora são as Fake News. É ciclica a percepção que a sociedade tem do poder da
comunicação sobre todos. Há um conceito que lhe está associado que é o do
"pânico moral" , tudo está a ruir e por culpa da comunicação.
As Fake News são mais
um sintoma do que a causa que vem da crise que está a abalar a democracia pela
informação criada para parecer verdadeira sabendo-se que é falsa. As Fake News
alimentam a ansiedade das sociedades e o poder que tem é proporcional à crise
vivida por essas sociedades.
Sendo o jornalismo uma porta de entrada para compreender
a realidade, não a explica totalmente. A comunicação é uma causa necessária mas
não suficiente e a questão principal retorna à sociedade e aos indivíduos e ao
que eles podem fazer com o conhecimento que tem sobre as coisas. Mas a influencia
pessoal é sempre mais importante que qualquer dos media pode ter. A influencia
individual das conversas que todos têm uns com os outros tem um poder enorme.
Estudos tem demonstrado o peso da comunicação
na nova visão que as pessoas tem sobre o mundo, num mundo de pessoas cada vez
mais informadas e cultas mas indisponíveis para infirmar as informações que
recebem, antes mais dispostas a confirmá-las. O que não confirma a nossa crença
é Fake News.
Terminou dizendo que este tempo de pós-verdade é
sintoma de tempo da pós-vergonha, onde vale tudo.
A assistência numa bem composta sala do Cinema Charlot
07/02/2019
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