24/04/2018
"Os murais como estratégia comunicacional em Setúbal", dissertação cativante, pela jornalista Helena de Sousa Freitas.
Perdendo-se as origens da pintura
mural na Pré-história, as que melhor se conhecem acompanharam momentos de
convulsão política e social de que são exemplos o pós-revolução mexicana e o
Maio de 1968 em França.
Em Portugal, esta forma de
comunicação teve ampla expressão durante o PREC, percorrendo todo espectro
político, do MRPP ao CDS. Com o abrandamento da agitação política, os murais
foram aparecendo menos, voltando a ressurgir quando a reacção popular se
intensifica, à volta de temas "quentes".
A focalização do tema em Setúbal, segundo Helena Freitas, decorre do
facto de esta região ser fustigada, desde há quase um século, pelo flagelo do
desemprego, a par de outras situações que levaram a um forte movimento de
expressão mural. Como exemplos de reacção nas paredes foram apresentados os
casos da Mecânica Setubalense, da Renault ou da Viegas & Lopes.
A comunicação mural, contrariamente
ao que possa parecer à primeira vista, é uma actividade muito bem estudada
pelos seus autores, que têm objectivos bem definidos. Os locais e os momentos
das inscrições são escolhidos, de modo a prolongar o tempo que estas ficam
expostas.
No aspecto gráfico e nos conteúdos,
os murais assemelham-se às faixas exibidas nas manifestações de rua e
distinguem-se claramente dos "graffiti". Estes últimos podem transmitir
mensagens entre grupos restritos que o grande público nem sempre capta ou ter
apenas papel decorativo, podendo ser executados por encomenda e/ou ser um meio
de expressão artística.
Para terminar, Helena Freitas
referiu que, em geral, as pessoas aceitam os murais desde que estes emanem de
organizações com peso social.
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