No passado dia 12 de Outubro teve lugar a primeira conferência do ciclo "A Praça do Sapal", sob o título "O Sentido da Existência", organizado pela UNISETI com o inestimável apoio da Câmara Municipal de Setúbal.
O Salão Nobre da CMS foi pequeno para albergar todos quantos queriam assistir a conferência tão interessante, quer pelo assunto quer pelo prestígio dos oradores.
Abriu a sessão o Doutor Arlindo Mota, Presidente do Conselho de Administração da UNISETI.
Após agradecer a participação dos conferencistas e a presença maciça dos assistentes, o Doutor Arlindo Mota começou por dizer que o presente evento não era uma mera obrigação de cumprimento de calendário já que se cumprem 15 anos de vida da Instituição, é antes uma manifestação de vitalidade e alegria que quer partilhar com a cidade.
A actividade do ano 2018/2019 será marcada pela continuidade dos projectos culturais com a intervenção do CIMM e a 6ª edição da Universidade de Verão, alargando o leque de ofertas e envolvendo cada vez mais os agentes culturais e educacionais de Setúbal e do País. Anunciou ainda a criação de novo ciclo de pós-graduações.
É neste contexto cultural que se enquadram as conferencias da "Praça do Sapal", sendo a primeira subordinada ao título "O Sentido da Existência". Citando Susan Wolf, "O sentido da existência é o que causa mais desprezo e mais respeito pela Filosofia; indagar sobre o sentido da vida é como envolvermo-nos numa busca de que só estamos certos do que procuramos quando o encontramos".
Estas conferencias ganharão o seu lugar no panorama cultural da Cidade, anunciando a continuidade destas actividades, nestes ou noutros moldes.
E terminou manifestando a sua convicção de continuar a contribuir para uma comunidade mais desenvolvida, mais crítica, mais livre, mais participada e mais nossa.
A UNISETI será um local privilegiado de relacionamento, aprendizagem, e criação e difusão de saber.
Seguidamente o Sr Vereador Dr. Ricardo Oliveira felicitou a UNISETI pelos seus 15 anos de existência e pelo sentido que tem dado à vida de muitos setubalenses num momento tão importante das suas vidas, numa Cidade que se quer educadora.
O dia a dia da cidade é uma realidade de aprendizagem e formação de que a Uniseti faz parte integrante.
Setúbal é também uma cidade saudável pela procura da felicidade em que a Uniseti participa.
Queremos um município participado que ouve os cidadãos de forma organizada e a eles presta contas.
As conferências da "Praça do Sapal" são uma forma de inserir na actividade da Autarquia um trabalho meritório, um projecto que inclui elementos de variados sectores com várias formas de pensar e que se reúnem e se encontram para dar sentido às nossas vidas e à nossa Cidade.
O contributo dos convidados reforça o projecto, da Uniseti e da Cidade e por isso o nosso empenho e o nosso apoio à Uniseti.
Na sua intervenção como moderador, Fernando Da Costa começou por considerar fascinante o tema da conferência: "O Sentido da Existência" e citou Raul Brandão dizendo:"O maior drama do ser humano é não ter encontrado razões para existir".
Para se encontrar o princípio da vida tem que se contar não só com o visível mas também com o imaginário , com forças que vêm do fundo dos tempos como as crenças e a fé. Esse sentido da vida pode ser procurado nas artes, nas religiões, na poesia, nas ideologias e na filosofia. De Natália Correia, que poeta e profeta citou:"Dir-se-ia que há um cântico interior nas coisas e nos seres e que a nossa voz pode enevoar esse cântico, esse sentido do existir"
Para a maioria o existir está no sobreviver, no usufruir , no acumular, no explorar, no fechar-se, num comportamento de excessos que vai estoirar o planeta.
O povo português que tem a cultura da afectuosidade, está perturbado pela ausência de figuras de comportamentos relevantes que suportem a sua estrutura identitária. Honra, solidariedade, espiritualidade, justiça, ética ainda são valores da vida e o ser humano precisa de segurança psicológica que o orientem nas contradições da vida.
A imposição de sub-culturas, a invasão de outros estranhos decorrentes da globalização estão a desencadear desorientações muito graves que levam a situações como a xenofobia , o fanatismo, o fascismo e outras formas de extremismos e ao fechamento aos outros. Resulta daqui que há cada vez mais pessoas vivendo bem no mal e mal no bem. As pessoas parecem execrar o que as libertam e exaltar o que as deixa na imundície profunda. Bem-vindos são encontros de reflexão como este em que nos encontramos.
O Senhor Bispo de Setúbal, D. José de Ornelas Carvalho deu inicio à sua intervenção adjectivando de notável a iniciativa da Uniseti, cujo tema desafia à reflexão e é pela reflexão que encontramos o sentido da vida e é assim que se faz cultura e se reforça a sociedade num mundo em veloz mudança.
Confrontamo-nos com realidades novas que necessitam de interpretações novas de sentido novo para encontrar soluções novas
O funcionamento dos organismos internacionais surgidos depois da II Grande Guerra transformaram em barreiras as fronteiras que inicialmente abriram.
As novas fontes de conhecimento da sociedade em mudança acelerada, sem bases estáveis conduzem a uma cultura líquida, fluída e ajustável com o surgimento de novos profetas em que o sentido da existência é avaliado pelos "likes" recebidos através de ferramentas poderosíssimas.
É um mundo que fascina e preocupa, diz o Senhor Bispo.
Criou-se a capacidade de comunicar a nível global mas não se criaram consensos; rasgam-se acordos e riscam-se assinaturas. Impera a lei do mais forte usando meios de intervenção como nunca existiram. Surgem as realidades virtuais sem sentido , irresponsáveis e sem rosto..
As grandes ideologias já não são apelativas, o que importa são as soluções e os resultados. As alianças do pós-guerra desfizeram-se ou ameaçam desfazer-se, os valores centrais são postos de lado. Novas formas de organização são postas em prática com objectivos imediatistas sem sentido futuro. E tudo isto faz aumentar o fosso entre ricos e pobres, pressionando as correntes migratórias e as roturas sociais.
É neste mundo difícil que o crente toma Deus como parceiro do diálogo na busca do sentido das coisas.
Terminou a sua palestra considerando-se peregrino da globalidade no sentido da existência.
O Dr. Mário Moura, professor Emérito da Uniseti, escolheu como tema central da sua palestra os afectos e o amor.
O sentido da vida, disse, é uma pergunta de todos os tempos. O ser humano faz-se a si próprio depois de ter nascido. Mas a criança no interior da mãe vive tudo por que a mãe passa. Os afectos feitos à mãe são transmitidos à criança através das modificações que provocam na corrente sanguínea, da mesma forma que o são os maus momentos. O cérebro incipiente do bebé no interior da mãe desde muito cedo consegue registar aquelas alterações. E depois de nascer continua a precisar de amor, do amor dos outros e o primeiro outro é a mãe.
O pessimismo e o catastrofismo que invadem este mundo têm que ser combatidos usando uma força que tudo une e harmoniza: o amor. O sentido verdadeiro da nossa existência é aprender a amar , para que amando se possa modificar o mundo.
O Professor Doutor José Custódio Vieira da Silva palestrou sobre o tema "O Visível e o Invisível na Arte Medieval". A palestra foi acompanhada pela passagem de diapositivos que facilitaram a compreensão pelos presentes das palavras do professor.
Para se encontrar o princípio da vida tem que se contar não só com o visível mas também com o imaginário , com forças que vêm do fundo dos tempos como as crenças e a fé. Esse sentido da vida pode ser procurado nas artes, nas religiões, na poesia, nas ideologias e na filosofia. De Natália Correia, que poeta e profeta citou:"Dir-se-ia que há um cântico interior nas coisas e nos seres e que a nossa voz pode enevoar esse cântico, esse sentido do existir"
Para a maioria o existir está no sobreviver, no usufruir , no acumular, no explorar, no fechar-se, num comportamento de excessos que vai estoirar o planeta.
O povo português que tem a cultura da afectuosidade, está perturbado pela ausência de figuras de comportamentos relevantes que suportem a sua estrutura identitária. Honra, solidariedade, espiritualidade, justiça, ética ainda são valores da vida e o ser humano precisa de segurança psicológica que o orientem nas contradições da vida.
A imposição de sub-culturas, a invasão de outros estranhos decorrentes da globalização estão a desencadear desorientações muito graves que levam a situações como a xenofobia , o fanatismo, o fascismo e outras formas de extremismos e ao fechamento aos outros. Resulta daqui que há cada vez mais pessoas vivendo bem no mal e mal no bem. As pessoas parecem execrar o que as libertam e exaltar o que as deixa na imundície profunda. Bem-vindos são encontros de reflexão como este em que nos encontramos.
O Senhor Bispo de Setúbal, D. José de Ornelas Carvalho deu inicio à sua intervenção adjectivando de notável a iniciativa da Uniseti, cujo tema desafia à reflexão e é pela reflexão que encontramos o sentido da vida e é assim que se faz cultura e se reforça a sociedade num mundo em veloz mudança.
Confrontamo-nos com realidades novas que necessitam de interpretações novas de sentido novo para encontrar soluções novas
O funcionamento dos organismos internacionais surgidos depois da II Grande Guerra transformaram em barreiras as fronteiras que inicialmente abriram.
As novas fontes de conhecimento da sociedade em mudança acelerada, sem bases estáveis conduzem a uma cultura líquida, fluída e ajustável com o surgimento de novos profetas em que o sentido da existência é avaliado pelos "likes" recebidos através de ferramentas poderosíssimas.
É um mundo que fascina e preocupa, diz o Senhor Bispo.
Criou-se a capacidade de comunicar a nível global mas não se criaram consensos; rasgam-se acordos e riscam-se assinaturas. Impera a lei do mais forte usando meios de intervenção como nunca existiram. Surgem as realidades virtuais sem sentido , irresponsáveis e sem rosto..
As grandes ideologias já não são apelativas, o que importa são as soluções e os resultados. As alianças do pós-guerra desfizeram-se ou ameaçam desfazer-se, os valores centrais são postos de lado. Novas formas de organização são postas em prática com objectivos imediatistas sem sentido futuro. E tudo isto faz aumentar o fosso entre ricos e pobres, pressionando as correntes migratórias e as roturas sociais.
É neste mundo difícil que o crente toma Deus como parceiro do diálogo na busca do sentido das coisas.
Terminou a sua palestra considerando-se peregrino da globalidade no sentido da existência.
O Dr. Mário Moura, professor Emérito da Uniseti, escolheu como tema central da sua palestra os afectos e o amor.
O sentido da vida, disse, é uma pergunta de todos os tempos. O ser humano faz-se a si próprio depois de ter nascido. Mas a criança no interior da mãe vive tudo por que a mãe passa. Os afectos feitos à mãe são transmitidos à criança através das modificações que provocam na corrente sanguínea, da mesma forma que o são os maus momentos. O cérebro incipiente do bebé no interior da mãe desde muito cedo consegue registar aquelas alterações. E depois de nascer continua a precisar de amor, do amor dos outros e o primeiro outro é a mãe.
O pessimismo e o catastrofismo que invadem este mundo têm que ser combatidos usando uma força que tudo une e harmoniza: o amor. O sentido verdadeiro da nossa existência é aprender a amar , para que amando se possa modificar o mundo.
O Professor Doutor José Custódio Vieira da Silva palestrou sobre o tema "O Visível e o Invisível na Arte Medieval". A palestra foi acompanhada pela passagem de diapositivos que facilitaram a compreensão pelos presentes das palavras do professor.
O Salão completamente cheio atestou bem o interesse do evento
Bela reportagem Parabéns,merece ser amplamente disseminada.
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