Passava já um pouco das treze horas da passada Sexta-feira,
dia trinta de Setembro, quando surgiu o autocarro gentilmente cedido e mais
uma vez pela Junta de Freguesia da S. Sebastião, que levaria o grupo da
Uniseti à visita do Museu do Tesouro Real localizado no Palácio Nacional da
Ajuda.
Viagem curta e calma e naturalmente animada pelo burburinho
de cerca de quatro dezenas de companheiros e amigos que recomeçavam a desfrutar
do prazer do convívio, bem espelhado nas expressões felizes de todas as faces.
Chegados ao palácio passámos por um apertado controlo de
entradas, tipo aeroporto, com deposição em bandeja de todos os artigos
metálicos, com componente metálica ou por qualquer outro modo considerados
suspeitos ou perigosos, para controlo por raios X.
Passada esta barreira fomos acolhidos por uma guia que nos
indicou o elevador para ascender ao terceiro piso, fornecendo de imediato a
muito útil informação: as casas de banho são à saída à esquerda.
A guia, de uma eficácia sem reparos e sem dar grandes
hipóteses de lhe serem colocadas perguntas, começou por fazer uma breve resenha
da histórica contextualizando os objectos expostos. Depois apresentou a
caixa-forte onde as joias estão guardadas: uma imensa estrutura de alumínio e
aço desenvolvida em três níveis, com quarenta metros de comprimento por dez de
largura e outros tantos de altura. As portas blindadas pesam cinco toneladas.
As paredes exteriores reproduzem pepitas de ouro. Custou trinta e um milhões de
euros.
Entramos. Um mundo de brilho e beleza se nos depara. As
explicações da guia surgem em catadupa, nota-se que fala com conhecimento do
que diz, mas a sua prestação é prejudicada pela estreiteza do espaço que a
mantém afastada de grande parte dos visitantes, dispostos em fila e que nem
sempre conseguem captar as informações, resultando daí alguma dispersão das
atenções e os inevitáveis ruídos de fundo.
A obscuridade do ambiente faz sobressaltar o brilho das
joias, protegidas por vidro à prova de bala, cujos reflexos causam alguma
dificuldade aos fotógrafos do momento, dificuldade acrescida pelo espelhado de
algumas das bases em que os objectos repousam e que além disso interfere com o
brilho natural das peças que suportam.
E o percurso vai fazendo-se ao longo de quase oitocentas
peças, sem contar com as mil da mesa à francesa com baixela Germain encomendada
pelo rei D. José. Ladeando os corredores em profusão, há ouro em pepitas e
trabalhado, diamantes e outras pedras preciosas, joias, moedas, insígnias,
pratas de aparato. Seis valiosíssimas peças faltam aqui, foram roubadas há
vinte anos em Haia para onde foram por empréstimo, por isso não há neste
momento qualquer política de empréstimos. Casa roubada trancas à porta, é
sempre assim. Mas foi com a indemnização recebida que se cofinanciou a
construção do Museu. Para acondicionar as joias nas suas andanças, em Portugal
e para o Brasil e de lá para cá, lá estão também os baús em que se
transportavam
E assim se percorreram três pisos sempre a subir que só se dá
por isso quando se chega ao fim e se desemboca na cafetaria, não se resistindo
à atracção dos assentos que aguardam os exaustos visitantes.
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