As aulas da disciplina de Italiano, têm registado desde a sua
criação um constante aumento de interesse por parte dos alunos. É que, passada
a fase inicial do lançamento das bases gramaticais da língua, o professor
Edoardo avançou pelas áreas da cultura italiana, pela sua geografia, pela sua
diversificada gastronomia e assim por diante, colocando os alunos perante
aspectos muito curiosos e até, por vezes, surpreendentes do país que o viu
nascer.
No passado dia 1 de Março, o professor entrou na sala de aula
transportando um volumoso saco, fazendo-se acompanhar de uma convidada.
Apresentou a senhora, disse que seria ela a dar a aula desse
dia porque ele tinha mais que fazer e que o tema da aula seria “cavatteli”.
Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, na aula não se
fez de uma descrição teórica do que são os cavatteli e de como são feitos. O
que se passou na aula foi que, não só se assistiu ao fabrico da pasta, como os
próprios alunos meteram a mão na massa para enrolar os referidos cavatteli.
Então, de dentro do saco o professor tirou dois aventais, um
para ele e outra para a convidada, a quem pediu que começasse aula, já de
avental colocado.
A seguir, tirou mais coisas de dentro do saco: tabuas de cozinha, um saquito de farinha, uma
faca, um rolo de massa e uma bola de farinha meio amassada. Explicou que iria
mostrar como de fazem os cavatteli.
Começou por polvilhar farinha sobre uma tábua de cozinha, em
cima da qual colocou a bola que trazia e estendeu a massa que ficou aí com um
centímetro de espessura. Polvilhou-a com farinha e enrolou-a. Depois deu umas
palmadinhas ao longo de todo o rolo, não sei se para sentir a massa ou se para
estabelecer com ela qualquer outro tipo de relação oculta. A seguir cortou o
rolo em fatias com menos de um dedo de espessura que desenrolou obtendo umas
tiras que seccionou em rectângulos com mais ou menos dois centímetros e meio de
comprimento. Pressionando com o dedo polegar uma extremidade destes retângulos
de massa e fazendo-o deslisar no sentido da outra extremidade deu forma aos
cavatteli.
Após a demonstração os alunos puderam também meter a mão na
massa e experimentar o fabrico daquele tipo de alimento. Disse o professor que
na Itália há quem faça este trabalho com as duas mãos, simultaneamente e que
até serve de passatempo.
Se tivéssemos mais tempo haveríamos de cozer a pasta, fazer um
molho rico, misturar tudo e proceder à sua destruição debaixo dos nossos
dentes, para deleite de corpos e espíritos.
Setúbal, 02/03/2024
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