03/03/2024

Colaboração livre - Aula de Italiano: "cavatteli"

 

As aulas da disciplina de Italiano, têm registado desde a sua criação um constante aumento de interesse por parte dos alunos. É que, passada a fase inicial do lançamento das bases gramaticais da língua, o professor Edoardo avançou pelas áreas da cultura italiana, pela sua geografia, pela sua diversificada gastronomia e assim por diante, colocando os alunos perante aspectos muito curiosos e até, por vezes, surpreendentes do país que o viu nascer.

No passado dia 1 de Março, o professor entrou na sala de aula transportando um volumoso saco, fazendo-se acompanhar de uma convidada.

Apresentou a senhora, disse que seria ela a dar a aula desse dia porque ele tinha mais que fazer e que o tema da aula seria “cavatteli”.

Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, na aula não se fez de uma descrição teórica do que são os cavatteli e de como são feitos. O que se passou na aula foi que, não só se assistiu ao fabrico da pasta, como os próprios alunos meteram a mão na massa para enrolar os referidos cavatteli.

Então, de dentro do saco o professor tirou dois aventais, um para ele e outra para a convidada, a quem pediu que começasse aula, já de avental colocado.

A seguir, tirou mais coisas de dentro do saco:  tabuas de cozinha, um saquito de farinha, uma faca, um rolo de massa e uma bola de farinha meio amassada. Explicou que iria mostrar como de fazem os cavatteli.

Começou por polvilhar farinha sobre uma tábua de cozinha, em cima da qual colocou a bola que trazia e estendeu a massa que ficou aí com um centímetro de espessura. Polvilhou-a com farinha e enrolou-a. Depois deu umas palmadinhas ao longo de todo o rolo, não sei se para sentir a massa ou se para estabelecer com ela qualquer outro tipo de relação oculta. A seguir cortou o rolo em fatias com menos de um dedo de espessura que desenrolou obtendo umas tiras que seccionou em rectângulos com mais ou menos dois centímetros e meio de comprimento. Pressionando com o dedo polegar uma extremidade destes retângulos de massa e fazendo-o deslisar no sentido da outra extremidade deu forma aos cavatteli.

Após a demonstração os alunos puderam também meter a mão na massa e experimentar o fabrico daquele tipo de alimento. Disse o professor que na Itália há quem faça este trabalho com as duas mãos, simultaneamente e que até serve de passatempo.

Se tivéssemos mais tempo haveríamos de cozer a pasta, fazer um molho rico, misturar tudo e proceder à sua destruição debaixo dos nossos dentes, para deleite de corpos e espíritos.  

    

Setúbal,  02/03/2024

J. Sanchez Antunes














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